Acordar para ir ao banheiro é mais comum entre mulheres, especialmente com o passar dos anos. Entenda os impactos na saúde e confira dicas para melhorar suas noites de sono
Dormir bem é essencial para a saúde. Benefícios como redução do estresse, melhora no humor, equilíbrio hormonal e até uma pele mais bonita são amplamente reconhecidos. Mas, com o tempo, noites tranquilas podem se tornar raras, e uma das causas frequentes é a noctúria — o despertar durante a noite para urinar. Segundo o estudo The Prevalence of Lower Urinary Tract Symptoms (LUTS) in Brazil, publicado na Neurourology and Urodynamics, cerca de 30% das mulheres brasileiras acima dos 40 anos enfrentam esse problema, e a prevalência aumenta com a idade.
Como a noctúria pode impactar sua saúde?
A urologista Franscine Gerson Carvalho, membro da Comissão de Comunicação da Sociedade Brasileira de Urologia, explica que a noctúria pode afetar diretamente a qualidade de vida. “Ela está associada a maiores índices de depressão, faltas no trabalho e uma percepção negativa da saúde física e mental”, afirma. Em idosos, o problema é ainda mais crítico, já que pode aumentar os riscos de quedas e fraturas, frequentemente levando a complicações graves.
Entre os adultos com 50 a 79 anos, aproximadamente metade apresenta sintomas de noctúria, segundo Carvalho. O despertar noturno ocasional é mais comum entre pessoas de 50 a 59 anos, mas pode ocorrer até duas vezes por noite em homens entre 70 e 79 anos.
Principais causas da noctúria
De acordo com o nefrologista Alfredo Felix, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, as causas podem variar desde comportamentos diários até condições de saúde específicas.
Entre os fatores comportamentais, o destaque vai para o consumo excessivo de líquidos à noite. “Quanto mais água você bebe antes de dormir, mais trabalho dá à bexiga”, explica. Já em termos hormonais, o déficit na produção do hormônio antidiurético é uma causa recorrente. Além disso, condições como má circulação, edemas e a bexiga hiperativa — que afeta principalmente mulheres — também podem desencadear o problema.
Impactos na qualidade de vida
Interrupções no sono não afetam apenas a disposição, mas também o bem-estar emocional e físico. A neurologista Márcia Assis, vice-presidente da Associação Brasileira do Sono, destaca: “O sono é crucial para a regeneração do corpo, o equilíbrio emocional e a imunidade. Sua interrupção constante pode causar irritabilidade, ansiedade, alterações no apetite e até ganho de peso.”
Se o problema persistir, o risco de doenças cardiovasculares, diabetes e hipertensão também aumenta.
Como lidar com a noctúria?
O urologista Guilherme Gentile, chefe dos Residentes do Hospital das Clínicas da USP, sugere mudanças simples no estilo de vida:
- Reduzir a ingestão de líquidos nas horas que antecedem o sono.
- Evitar bebidas com cafeína à noite.
- Praticar exercícios físicos para melhorar a circulação e evitar edemas.
Caso os sintomas persistam, mesmo após noites aparentemente longas de descanso, é importante buscar ajuda médica. O tratamento pode incluir medicamentos ou exercícios específicos para fortalecer a musculatura pélvica.
Tecnologia pode ajudar, mas não substitui o diagnóstico médico
Os smartwatches são ferramentas úteis para monitorar padrões de sono, mas não devem ser utilizados como diagnóstico definitivo. Um estudo global da Samsung sobre saúde do sono destacou que a qualidade do descanso está em declínio em todo o mundo. Apesar disso, dispositivos como esses podem ser aliados no acompanhamento de possíveis problemas.
Márcia Assis reforça que, embora promissores, esses aparelhos ainda não são precisos o suficiente para avaliar o impacto específico da noctúria. “O diagnóstico médico e a percepção pessoal ainda são as ferramentas mais confiáveis”, conclui Gentile.
Conclusão:
Se você tem enfrentado noites interrompidas para ir ao banheiro, observe sua rotina, considere mudanças de hábito e, se necessário, procure um especialista. Dormir bem não é apenas um luxo, mas um componente essencial para a sua saúde física e mental.
Fontes:
- The Prevalence of Lower Urinary Tract Symptoms (LUTS) in Brazil, publicado na Neurourology and Urodynamics.
- Sociedade Brasileira de Urologia.
- Associação Brasileira do Sono.